
A articulação temporomandibular (ATM) é uma das estruturas mais utilizadas pelo corpo humano. Estima-se que a ATM realize mais de 2 mil movimentos por dia, incluindo mastigações e o abrir e fechar da boca. Por conta de seu intenso uso e de sua complexa dinâmica funcional, a disfunção na articulação temporomandibular (DTM) é frequente, atingindo quase 20% da população dos países ocidentais.
É uma estrutura extremamente importante, pois sua função está diretamente relacionada com todo um contexto que envolve a comunicação entre pessoas, expressão emocional, a alimentação, que são fatores que interferem na qualidade devida do indivíduo.

Normalmente essa disfunção afeta tão enfaticamente a população que num estudo recente, os autores concluíram que a dor da DTM tem um impacto negativo na qualidade de vida do paciente, prejudicando as atividades do trabalho (59,09%), da escola (59,09%), o sono (68,18%) e o apetite/alimentação (63,64%).
As DTM têm interpretação muito ampla e descrevem uma população geral de pacientes sofrendo de disfunção dos músculos e articulações da mandíbula, usualmente dolorosa. Quando presente, a DTM caracteriza-se por dores nas articulações temporomandibulares e nos músculos mastigatórios, sendo a dor o sintoma mais comum e as mulheres são mais afetadas que os homens numa proporção de 4:1.
Segundo pesquisas da Universidade de Passo Fundo (UPF), do Rio Grande do Sul, e da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), 40% da população global apresentará algum sintoma de disfunção da articulação temporomandibular ao longo da vida. Curiosamente, a condição se manifesta mais entre mulheres, especialmente a partir dos 40 anos.
A articulação temporomandibular (ATM) é a única articulação móvel do crânio. É considerada a mais complexa do corpo humano, por duas razões: é a única que permite movimentos rotacionais e translacionais. Além disto, existem duas articulações conectadas a um único osso, a mandíbula, as quais funcionam simultaneamente.
Para que a articulação temporomandibular funcione de forma adequada, a própria articulação temporomandibular, a oclusão dental e o equilíbrio neuromuscular devem relacionar-se harmonicamente. Assim, uma desarmonia da estrutura e função do sistema estomatognático pode dar origem a uma disfunção da ATM.

Doenças que acometem os músculos mastigatórios, ATM e estruturas adjacentes. Os movimentos permitidos pela ATM são os de protusão, retrusão e lateralização da mandíbula, bem como a abertura e fechamento da boca.
As funções do sistema estomatognático têm como característica a participação da mandíbula e de todo complexo cabeça/pescoço. A ATM, a coluna cervical e as articulações entre os dentes relacionam-se intimamente em suas funções.
A ação neuromuscular das regiões mastigatória e cervical influencia ativamente os movimentos posturais funcionais da mandíbula e da coluna cervical, ou seja, todo o mecanismo postural que atua na cabeça é também parcialmente responsável pela postura mandibular.
Uma mudança na posição da cabeça provocada pela contração dos músculos cervicais, muda consequentemente, a posição mandibular. Essas mudanças afetam também a oclusão e os músculos mastigatórios e estes, por sua vez, afetam a ATM.
Quais são os Sintomas de disfunção de ATM?
- Dor facial;
- Dor mandibular;
- Dor no pescoço, ombro e/ou costas;
- Dor nas articulações ou face, ao abrir ou fechar a boca (bocejar ou mastigar);
- Enxaquecas (tipo tensão);
- Inchaço ao lado da boca e/ou da face;
- Mordida que sente incômoda, “fora de lugar” ou como se estivesse mudando continuamente;
- Abertura limitada ou inabilidade para abrir a boca confortavelmente;
- Desvio da mandíbula para um lado;
- Travamento ao abrir ou fechar a boca;
- Ruídos articulares e dor de ouvido;
- Surdez momentânea;
- Vertigem ou zumbido;
- Ouvido tampado;
- Perturbações visuais.
Diagnóstico de disfunção da ATM (articulação temporomandibular)
A origem da DTM é multifatorial. Segundo o termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, os fatores podem ser de origem traumática, psicossociais (ansiedade e depressão) e fisiopatológicos (doenças sistêmicas, pressão intra-articular alterada e genética). O que irá definir o diagnóstico serão os sintomas apresentados pelo paciente e os sinais identificados em exames clínicos.
De etiologia multifatorial, a DTM está relacionada ao estresse, má postura, oclusão, traumas repetitivos, anormalidade discal, hiperatividade muscular e hábitos parafuncionais.

Para uma correta indicação terapêutica, a avaliação de todos os possíveis sintomas juntamente com o trabalho em equipe é fundamental. Cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, além de psicólogos, otorrinolaringologistas, neurologistas e clínicos da dor devem conjuntamente avaliar os possíveis fatores causais e, cada qual em sua área de atuação e intervenção.
As causas das disfunções ainda não estão bem definidas. Até o momento, o diagnóstico tem sido relacionado a altos níveis de estresse, hábitos dos pacientes – como morder as bochechas e mastigar canetas –, malformação dentária e fatores genéticos.
Por que isso ocorre?
- Genética – Quando a pessoa já nasce com a mandíbula deslocada
- Psicológica – Momentos de tensão relacionados ao estresse e à depressão
- Bruxismo – Doença caracterizada pelo aperto ou rangido forte dos dentes, principalmente à noite
- Traumas – Batidas ou pancadas podem danificar a região
- Doenças – Quadros de artrite ou artrose também se relacionam com o caso
- Má postura – Ficar muito tempo com o pescoço inclinado para olhar o celular pode comprimir a mandíbula
Fisioterapia na ATM
O objetivo da fisioterapia é de restabelecer as funções perdidas e prevenir recidivas, promover mudança de comportamento, aumentando assim sua qualidade de vida. Utilizando técnicas combinadas como: RPG, mobilizações articulares, terapia manual, liberação global da ATM, relaxamento, técnicas orais, bandagem funcional, eletroterapia, cinesioterapia, acupuntura, etc.
Os objetivos do tratamento são:
- Reduzir a dor;
- Restabelecer função mandibular confortável;
- Limitar a recorrência da dor;
- Restabelecer o padrão de vida normal, o mais rapidamente possível;
A Fisioterapia atua no tratamento de DTM’s com o objetivo de restaurar ou manter a função da articulação comprometida e dos sistemas neuromusculares adjacentes visando harmonizar tais sistemas. O objetivo maior do fisioterapeuta deve ser o alívio dos sintomas e o reestabelecimento da função normal do aparelho mastigatório. Para alcançar melhores resultados, o profissional pode elaborar um plano fisioterapêutico alinhado com o paciente.
Para isso, faz uso de uma avaliação precisa, englobando o indivíduo como todo, mas focando-se principalmente na ATM, coluna cervical e cintura escapular. No tratamento utiliza técnicas de terapia manual, cinesioterapia e eletroterapia, buscando sempre uma melhor harmonia articular e neuromuscular do sistema crânio-cervico- mandibular.
A fisioterapia é capaz de reduzir a inflamação e a dor local, além de reeducar o músculo e a articulação para reduzir alterações de movimento.
Uma mudança na posição da cabeça provocada pela contração dos músculos cervicais, muda consequentemente, a posição mandibular. Essas mudanças afetam também a oclusão e os músculos mastigatórios e estes, por sua vez, afetam a ATM.
Benefícios da Fisioterapia
- Redução e melhora do controle da dor.
- Melhora da oclusão.
- Relaxamento da musculatura cervical.
- Melhora do controle postural.
Dicas
Mas, para adiantar sua vida e aliviar os incômodos e dores, confira algumas dicas bem simples de alongamentos para fazer em qualquer lugar.
1- ABRE E FECHA
Para quem sofre essa disfunção, às vezes, fica complicado realizar os movimentos de abrir e fechar a boca, mas com um pouco de paciência e devagar, você consegue relaxar e alongar a mandíbula. Veja só:
– Sente-se numa cadeira com encosto para manter a postura ereta;
– Coloque a língua no céu da boca;
– Em seguida, tente abrir a boca com a língua ainda na mesma posição;
– Enquanto isso respire lentamente por alguns segundos e expire aos poucos;
– Feche a boca e, se não sentir dor, repita o exercício umas 10 vezes. Fácil, né?
2- MASSAGEM
Ganhar uma massagem naqueles dias estressantes é maravilhoso. Mas que tal fazer esse mimo em você mesmo? É bem fácil.
– Massageie toda a área do maxilar onde há dor com as pontas dos dedos em movimentos circulares;
– Belisque suavemente a região com o dedo indicador e o polegar para soltar a pele do músculo por diversas vezes;
– Novamente, com a ajuda das mãos, alongue sua mandíbula para baixo, abrindo lentamente a boca para cada um dos lados.
3- PONHA AS BOCHECHAS PARA TRABALHAR
Esses músculos fofos que existem em cada lado do seu rosto não foram feitos apenas para serem apertados ou beijados. Além de ser um grande auxiliar na mastigação e na fala, a bochecha é bem útil para relaxar outras musculaturas e ossos da face. Um exercício muito bom é encher as bochechas e movimentar o ar dentro da boca de um lado para o outro. Faça isso, pelo menos, umas 10 vezes e irá sentir o maxilar mais solto e leve, sem falar que faz um bem danado para a saúde da pele promovendo elasticidade.
4- FALE EM CÂMERA LENTA
Além de ser um hábito natural, falar movimenta mais de 70 músculos do nosso rosto e é um ótimo exercício para alongar e relaxar o maxilar. Fale de forma arrastada, como se fosse uma cena de um filme em câmera lenta. Assim, você sentirá menos dores na mandíbula.
5- BOCEJE À VONTADE
Além de ajudar a oxigenar o cérebro e melhorar a atenção, bocejar também é um bom alongamento. Por isso, quando surgir a vontade faça com vontade e sem medo.
FIQUE ATENTO!
Se as técnicas não resolverem o problema, procure um profissional qualificado para avaliação.
Dicas importante sobre disfunções da ATM
- Se feitos em demasia, hábitos como mastigar chiclete, roer unhas e morder a ponta de canetas fazem com que a DTM se desenvolva. É bom evitá-los.
- Alguns ruídos ocorridos durante os movimentos mandibulares, chamados de estalidos e crepitações, não significam necessariamente uma disfunção que exija tratamento.
- DTM pode ocasionar cefaleia ou agravar quadros de enxaqueca, o que exige um diagnóstico preciso para a diferenciação e o tratamento correto.
Auto-Ajuda para Disfunção da ATM
Dicas de algumas técnicas de auto-ajuda que podem aliviar os sintomas, mas que não excluem a avaliação de um profissional qualificado:
- Calor úmido: O calor reduz a inflamação e melhora a função. Use uma bolsa ou uma garrafa de água quente ou uma toalha morna embrulhada ao redor do rosto, com cuidado para não se queimar;
- Gelo: O gelo tem o mesmo efeito que o calor e também aumenta o fluxo de sangue, promovendo o relaxamento muscular. Se você for usar uma bolsa de gelo, embrulhe-a em um pano e coloque-a no rosto, por no máximo 10 minutos para não danificar sua pele;
- Dieta macia: As comidas brandas temporariamente podem ajudar ao permitir que a mandíbula e músculos circunvizinhos descansem. Evite especialmente comidas duras, crocantes ou trituráveis, que possam traumatizar a articulação ou que lhe exijam abrir a boca amplamente, como uma maçã ou uma espiga de milho. Não mastigue chicletes;
- Exercícios mandibulares: Exercitar a mandíbula, abrir e fechar lentamente sua boca, mover a mandíbula para os lados; isto, às vezes, melhora a mobilidade. Exercícios que causam um aumento da dor ou da deficiência devem ser descontinuados; e
- Técnicas de relaxamento: Há evidências de que técnicas de relaxamento diminuem o sofrimento em casos de dor crônica. Respire lenta e profundamente, enrijeça e relaxe seus músculos alternadamente. A ioga e/ou hipnose são úteis para algumas pessoas.